Alegram-se os anjos!

Maria foi levada aos Céus, os anjos se alegram: louvando, glorificam ao Senhor — canta a conhecida antífona com a qual a Santa Igreja celebra a Assunção da Santíssima Virgem, anualmente, no dia 15 de agosto.

O magistério eclesiástico e o ensinamento dos Sumos Pontífices edificaram ao longo dos séculos, com abundância de argumentos e sólida interpretação das Sagradas Escrituras, o fundamento desse augusto privilégio mariano, aceito pelos fiéis de todos os tempos e definido como dogma de fé pelo Papa Pio XII, em 1950.

Entretanto, a imaginação e o vocabulário humanos tornam-se insuficientes para tentar descrever a felicidade e o esplendor incomparáveis que adornaram o Paraíso Celeste quando por suas portas ingressou a Mãe de Deus, em corpo e alma, revestida de inefável e perene beleza!

Os próprios espíritos angélicos, comenta um ilustre autor, diante de tamanha formosura se perguntaram uns aos outros: “Quem é esta que sobe do deserto, inebriada de delícias (Cânt 8, 5)? E se ainda quando Maria andava como peregrina pelos ásperos caminhos deste vale de misérias, os anjos Lhe serviam de criados e ministros,  que não farão agora, vendo-A ascender da Terra ao Céu, e aí colocada magnificamente sobre todas as suas ordens e coros? Reconhecendo-A por Rainha, dançam em sua presença os Anjos, aplaudem-Na os Arcanjos, as Virtudes A glorificam, os Principados A enaltecem, regozijam-se as Dominações e as Potestades, festejam-Na os Tronos, cantam-Lhe louvores os Querubins e celebram seus privilégios os Serafins!”(1)

E se tão imenso foi o gáudio dos anjos ao contemplarem sua Soberana naquele momento, maior e mais insondável terá sido a alegria que marcou o reencontro entre Mãe e Filho na eternidade, conforme salientava Dr. Plinio:

“A este acontecimento de proporções inconcebíveis por nós, só puderam assistir as ‘invejáveis’ almas dos bem‑aventurados que lá estavam, e só elas o poderiam narrar. Pois não existe, neste mundo, qualquer talento ou estro humano capaz de retratar a chegada de Nossa Senhora no Céu, conduzida pelos coros angélicos, e sendo aí recebida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

“Na verdade, preciso fora ter visto e admirado as relações terrenas entre ambos, para se compreender a riqueza de sentimentos encerrada nesse reencontro, e se formar uma pálida ideia do olhar com que Jesus, do alto de seu trono de esplendor, considerou a figura excelsa de sua Mãe entrando no Paraíso. Mais ainda. Embora nosso espírito estremeça ao pensar que Ele é Deus, superior a tudo e a todos, inundado de júbilo perfeito, ousaríamos dizer que o Divino Redentor se deixou tocar por um sumo agrado e um sumo respeito no instante de cingir a fronte imaculada de Maria com uma coroa de graças inigualáveis.

“Quem pode vislumbrar tamanha glória? Ela excede a tudo quanto nos é dado imaginar.

“E se Deus prometeu a si mesmo como a recompensa demasiadamente grande reservada àqueles que O amam, confundidos ficamos, se procuramos excogitar quão grande e quão demasiado houve de ser esse prêmio para a criatura que O revestiu de sua própria carne, O cumulou de solicitude e ternuras maternais, e O amou de um amor incomensurável, inexcedível.”

Sejamos, pois, também nós partícipes dessa celestial felicidade, e com os anjos celebremos a gloriosa Assunção de Maria Santíssima. A Ela roguemos nos alcance copiosas graças de perseverança na virtude, nos ampare e ilumine em nossa peregrinação por esta vida, e nos conduza, finalmente, aos pés de seu trono de Mãe e Rainha na eterna bem-aventurança.

 

1 ) Cf. Tesouro de Oratória Sagrada.

 

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