A Igreja e a Contra-Revolução

Visando a completa subversão da ordem temporal e espiritual, a Revolução tem por seu grande alvo a Igreja, fundamento último de tais ordens. Por isso mesmo, a Esposa Mística de Cristo deve ser considerada a alma da Contra-Revolução, a força primeira que conduzirá esta à vitória e à edificação de uma nova Cristandade. Esclarecimentos de Dr. Plinio.

 

Como o embate Revolução e Contra-Revolução se enquadra na história da Igreja?

“A Revolução e a Contra‑Revolução são episódios importantíssimos da História da Igreja, pois constituem o próprio drama da apostasia e da conversão do Ocidente cristão. Mas, enfim, são meros episódios.”

Missão mais ampla e muito acima do confronto R-CR

“A missão da Igreja não se estende só ao Ocidente, nem se circunscreve cronologicamente na duração do processo revolucionário. “Alios ego vidi ventos; alias prospexi animo procellas”(1), poderia Ela dizer ufana e tranqüila em meio às tormentas por que passa hoje. A Igreja já lutou em outras terras, com adversários oriundos de outras gentes, e por certo enfrentará ainda, até o fim dos tempos, problemas e inimigos bem diversos dos de hoje.” (pp. 144-145)

Qual é o objetivo da Igreja?

“Seu objetivo consiste em exercer seu poder espiritual direto e seu poder temporal indireto, para a salvação das almas. A Revolução foi um obstáculo que se levantou contra o exercício dessa missão. A luta contra tal obstáculo concreto, entre tantos outros, não é para a Igreja senão um meio circunscrito às dimensões do obstáculo — meio importantíssimo, é claro, mas simples meio.

“Assim, ainda que a Revolução não existisse, a Igreja faria tudo quanto faz para a salvação das almas.” (p. 145).

Cite um exemplo histórico para esclarecer esse tema.

“Poderemos elucidar o assunto se compararmos a posição da Igreja, em face à Revolução e à Contra‑Revolução, com a de uma nação em guerra.

“Quando Aníbal(2) estava às portas de Roma, foi necessário levantar e dirigir contra ele todas as forças da República. Era uma reação vital contra o potentíssimo e quase vitorioso adversário. Roma era apenas a reação a Aníbal? Como pretendê‑lo?

“Igualmente absurdo seria imaginar que a Igreja é só a Contra‑Revolução.” (pp. 145-146)

Grande interesse no esmagamento da Revolução

Considerando a situação da Igreja, a Contra-Revolução deve salvá-la?

“Cumpre esclarecer que a Contra‑Revolução não é destinada a salvar a Esposa de Cristo. Apoiada na promessa de seu Fundador, não precisa Esta dos homens para sobreviver.

“Pelo contrário, a Igreja é que dá vida à Contra‑Revolução, que, sem Ela, nem seria exequível, nem sequer concebível.

“A Contra‑Revolução quer concorrer para que se salvem tantas almas ameaçadas pela Revolução, e para que se afastem os cataclismos que ameaçam a sociedade temporal. E para isto deve apoiar‑se na Igreja, e humildemente servi‑La, em lugar de imaginar orgulhosamente que A salva.” (p. 146).

A derrota da Revolução será útil para a Igreja?

“Se a Revolução existe, se ela é o que é, está na missão da Igreja, é do interesse da salvação das almas, é capital para a maior glória de Deus que a Revolução seja esmagada.” (p. 146).

Exaltação da Igreja: objetivo primeiro da Contra-Revolução

Portanto, a Igreja é uma força fundamentalmente contra-revolucionária?

“Tomado o vocábulo Revolução no sentido que lhe damos, a epígrafe é conclusão óbvia do que dissemos acima. Afirmar o contrário seria dizer que a Igreja não cumpre sua missão.” (p. 147).

A Igreja é a maior das forças contra-revolucionárias?

“A primazia da Igreja entre as forças contra‑revolucionárias é óbvia, se considerarmos o número dos católicos, sua unidade, sua influência no mundo. Mas esta legítima consideração de recursos naturais tem uma importância muito secundária. A verdadeira força da Igreja está em ser o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (p. 147).

Qual o ideal da Contra-Revolução?

É exaltar a Santa Igreja. “Se a Revolução é o contrário da Igreja, é impossível odiar a Revolução (considerada globalmente, e não em algum aspecto isolado) e combatê‑la, sem, “ipso facto” ter por ideal a exaltação da Igreja.” (p. 148) (3). v

 

1 ) “Vi outros ventos; divisei com coragem outras tempestades” (Cícero, Familiares, 12, 25, 5).

2 ) General cartaginês (247-183 a.C.).

3 ) Editora Retornarei, São Paulo, 2002.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *